sexta-feira, 10 de maio de 2013

Quando a vida é diferente do tão famoso sonho





Foi muito difícil para a minha pessoa aceitar que estava na hora de crescer e correr atrás do que queria nessa vida. Afinal, sempre chega uma hora em que é necessário aceitar o derradeiro destino - mesmo que seu futuro acabe por se revelar completamente diferente do esperado.

Quando era muito mais nova (me refiro há mais de dez anos atrás) por ser uma tremenda fã de Arquivo X, costumava sonhar em ser uma Dana Scully da vida - Agente do FBI que trabalhava com os casos mais complexos e inacreditáveis; carregando um cérebro analítico o suficiente para conseguir desvendar tais mistérios. Queria ser uma heroína de uma trama policial/scifi. Mais que isso: queria acreditar que um dia quem sabe, de fato conseguiria viver dessa forma heroica, e perigosa.





Com a chegada da adolescência pude notar que a realidade estava muito longe daquele sonho de criança, e que "oficialmente" faltavam apenas mais alguns anos para que me vissem como uma adulta (quando se é criança, ser adulto é ter dezoito anos. Santa Ilusão, Batman!). Muitas coisas acabaram por se mostrar diferentes, sendo as mais notáveis:

- Tá, eu não sou ruiva (Doctor, entendo sua frustração).

- Não existe _o_ FBI no Brasil, então morando por aqui acabaria trabalhando como agente da ABIM caso seguisse o sonho de trabalhar para a "Inteligência Brasileira".

- Convenhamos, eu não era tão inteligente assim, tá certo que sempre fui rata de livros e que sempre gostei das aulas no laboratório de química, mas quando se tratava de fazer as provas de ciências exatas, um desastre ecumênico acontecia e eu sempre acabava me ferrando lindamente.

- Eu não sei nadar, então a primeiro situação que exigisse um mergulho já seria ato falho.

- Eu nunca passaria num exame físico do FBI (sequer para ABIM). Para quem não me conhece, se prepare para rir: Tenho um metro e quarenta e nove de altura. Isso mesmo, um centímetro a menos que um metro e meio. Se até para doar sangue tem uma exigência de tamanho mínimo, imagina para fazer esse exame físico?

No fim, quando cheguei aos dezoito, nada era como no meu tão amado programa que passava na tv por assinatura. E mesmo assim, não me dei por vencida - Comecei treinos de parkour, ficava horas pulando corda para fortalecer os músculos, cheguei até a ser ruiva de farmácia.




Tentei me levar a acreditar que conseguiria de um dia para o outro ser uma heroína incrível, driblando o destino, com uma força absurda, e com habilidades supremas em pular de um muro para outro. Resultado? Cabelo ruivo desbotado, e a frustração por tentar demais ser algo que, claramente, não estava a meu alcance.





Pelo menos não naquele momento. Não ainda. Quem sabe algum dia, com o passar de uma tonelada de anos, isso tudo não mudaria, e eu poderia ser algo mais próximo do real, uma Ilana Casoy da vida? Precisei aprender a lição de que certas coisas não estão aí para nós. Já outras...

Enquanto tudo acontecia, me encontrava perdida em alguma história que estava escrevendo - geralmente para mim mesma. Porque escrever sempre foi algo que me fez bem, sempre foi uma habilidade que todos costumavam elogiar e exaltar. E meu pai até dizia (grande boêmio Téo o Terrível) que se eu praticasse muito, poderia algum dia ser uma escritora de nome.

E foi o que acabei fazendo.

A verdade é que mesmo com o sonho em ser uma Dana Scully da vida, sempre tive esse outro sonho: O sonho de conseguir viver pela minha escrita. Como se minhas mãos fossem mágicas, como se a conexão entre as minhas mãos e minha mente gerassem histórias inesquecíveis para os leitores, e que assim, as pessoas se interessassem em ler meus escritos sempre - E sempre esperando mais. E eu sempre daria mais, pois seria uma fonte inesgotável de criatividade que estava disposta a oferecer ao mundo.


Então, queridos leitores, não temam pelas surpresas que essa vida oferece. 

Certas coisas existem apenas para saciar suas fantasias, já outras podem existir de forma com que você se delicie com elas em vida. Por isso, sonhe. Sonhe sim, e saiba que a vida é cheia de caminhos ramificados te esperando. Pegando emprestado de Tolkien: Nem todos os que vagueiam estão perdidos. Vá em frente.

Compartilhe esta postagen.
  • Share to Facebook
  • Share to Twitter
  • Share to Google+
  • Share to Stumble Upon
  • Share to Evernote
  • Share to Blogger
  • Share to Email
  • Share to Yahoo Messenger
  • More...

1 comentários:

Natália Puga disse...

Que texto ótimo! Amei, Anya! Afinal, acabei me identificando e acho que todo mundo que leu também. No meu caso era mais complicado, pq sempre quis fazer parte de uma história de fantasia hahaha! Tipo mundo encantado, elfos, anões.... mas também tive minha fase agente secreta/fbi, dps de tantos doses ed Alias, Fringe e... 3 espiãs demais!